domingo, 6 de outubro de 2013

árvores

ambiciosas árvores que tomais
de assalto céu e chão,
que pretendeis servir
a homens e animais
de provisão, abrigo,
matéria e inspiração
vós, amigas do vento
e do tempo, temporais
aventureiras imóveis,
servi, vós, como quereis
ao meu intento, ambição
que aprendi de vós,
e dái-me vosso sopro
e intrepidez, ensinai-me
de vossa sabedoria estável
o segredo, matiz e matriz
do que sois e sereis
raiz não tenho, tampouco
ramos ou folhas ou frutos,
passo, como vós e mais
que vós, como a voz
que aqui calo, terrível
destino que pressinto
e toco como se fora passado,
o tempo que não vos toca,
que não vos mata, viveis
secretamente contentes
e em silêncio, imóveis,
eternidade que desconheço,
vós, ambiciosas árvores
que tomais de assalto
céu e chão e tempo,
e vento, sobro que se esvai
de mim, de vós, de tudo,
mas vós passais em silêncio,
em segredo, sem ambições

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