domingo, 11 de novembro de 2012

reticências

ponto, ponto, ponto
final início imaginário
reiterado imaginariamente
vapor, sopro rápido que
espalha o pó, rastro
vestígio que se torna
ponto, ponto, ponto
espalhado, espantado
o final, conclusão
que não chega, início
imaginário, inventado
num ponto final, triplo
reiterado, hesitado
duvidoso, reticente
reticências...

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A transgressão

A transgressão! Desafio que me imponho, imponho a outros por mim, no que de mim deixo aqui, aqui onde se lê e se vê o que deixo, de mim um trecho, texto, ficção, fixação de um tempo que se transmuda noutros, leituras várias dos que virão, verão. Repetição. Tanto falo do texto, meu pretexto para escrever, rascunho imaginário do que tenho a dizer, tento dizer, digo pouco, escrevo tanto, repetições. Ser prolixo é meu dever, involuntário, consciente, necessidade que me imponho e imponho a outros, sem querer, querendo. Desejo válido, necessário, transgressão imperativa, imperativo que grita no silêncio desta inscrição, marcação já fora do tempo, noutro tempo, noutros tempos, neste espaço não-espacial, espaçado, adiado, dilatado e dilatando-se para além dos limites inscritos, descritos, visíveis. Repetição. É meu dever pensar, repensar, re-repensar, imaginar, inventar uma curva, um desvio de atenção, de razão, um abismo, rastro apagado que deixo traçado, indicação. A transgressão! É labirinto, bom lugar, não-lugar. Penso para fazer pensar, escrevo fora da ordem, numa desordem comum, noutra ordem, labirinto, ser prolixo é meu dever, aqui. Eis o crivo, o que faço, escrivo. Peneira pertinente, prevalente, aqui, filtro sempre oportuno, necessário ao pensamento fluido, flutuante, vago, leve, evanescente. Leitura fácil é fácil, leve, voa fácil, vai-se fácil, aqui não, deixo aqui o movimento da inscrição suspenso no rastro, indício, violação, perturbação, a transgressão, o labirinto. Travessia feita em confusão, num vazio produzido, inventado, fictício, adjetivo. Pensamento intransitivo, em trânsito, movimento.